domingo, 6 de fevereiro de 2011

SUSTOS

O homem sofreu três grandes sustos em sua marcha evolutiva. O primeiro quando Copérnico demonstrou que a Terra se move ao redor do Sol, e sendo assim, privou o homem das suas pretensões de ser senhor e centro do universo. O segundo quando Darwin demonstrou que somos o produto da evolução e que nossa configuração física era resultado de um processo evolutivo e não de um projeto divino. O terceiro quando Freud tornou claro que nossas ações eram controladas pelo campo de forças determinadas pelo inconsciente e que o ego não é senhor mesmo em sua própria casa. No primeiro susto o homem entendeu que não era o centro de coisa nenhuma e, o pior de tudo, que não passava do cocô do cavalo do bandido diante da imensidão do universo galáctico. No segundo, entendeu que, depois de duas guerras mundiais, duas bombas atômicas e um holocausto, estas, pelas suas selvagerias e barbáries, já são razões suficientes para provar que Deus não tá nem aí pra existência humana e que ele - o homem - continua entregue à própria sorte na tentativa de viver e entender o significado da vida. E sendo assim, de forma assustadora e trágica, foi obrigado a entender na marra que se a espécie humana chegou até aqui, tudo não passou de um jogo de coincidências e acasos que aconteceram e continuarão acontecendo com todas as espécies vivas existentes no planeta terra. No terceiro, entendeu que a idéia de uma individualidade determinada pela racionalidade consciente não tinha lógica e nem fechava o círculo. Na prática, nossa vontade de viver é determinada, de um lado, pelos processos psíquicos que se debatem no inconsciente, geralmente confuso e de difícil compreensão, e de outro, pelas maquinações da produção e do consumo de mercadorias no sistema capitalista, todas forjadas para a alienação do sujeito sem vontade própria, sem consciência crítica e sem qualquer liberdade de escolha.