quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

BUSCANDO A SAIDA

É feio, bonito, ou nem uma coisa nem outra, a gente viver consumindo a cultura alienígena? Os modernistas brasileiros já trataram disso à exaustão e nos legaram um roteiro completo de como fazer uso da cultura estrangeira por meio da antropofagia cultural. Afinal de contas, não somos um povo que desde as origens foi alienada de suas matrizes raciais e culturais na base da porrada, da lavagem cerebral e do trabuco? Se nossas variantes raciais marrons e pardas, se nossas caboquices e mulatices provam que já não temos mais nada a ver com tais matrizes originais, ou seja, indígenas, negras e brancas, por que então ficar com falsos pudores para experimentar outras propostas culturais no ritmo e no compasso da globalização? Isto seria alienação ou esperteza antropofágica? Acho que a segunda hipótese é mais conseqüente. Votaria nela para confirmar minhas esperanças de, algum dia, encontrar uma saída, uma resposta, um caminho, qualquer coisa que possa explicar minhas configurações éticas e morais.

ESCAPEI POR POUCO

Sou o resultado do genocídio racial e cultural imposto pelos portugueses quando se estabeleceram na floresta amazônica. Quando os invasores aqui aportaram tinham algumas razões básicas: 1) explorar as riquezas existentes na terra para manter o ócio da aristocracia portuguesa; 2) catequizar os índios para usá-los como mão de obra escrava; 3) importar escravos africanos para trabalhar na monocultura do açúcar, do café, e na mineração de ouro e pedras preciosas ali pelas bandas de Minas Gerais. E nessa histórica convivência nada pacífica de raças e culturas aconteceu o que era de se esperar: uma original miscigenação racial e cultural. A mestiçagem que se originou desse encontro de raças e culturas até hoje não disse exatamente à que veio. E se disse alguma coisa, pelo menos eu, até agora não entendi direito. Traduzindo: mestiçagem com corrupção política, políticos canalhas, pobreza em cada esquina, violência em cada beco ou em qualquer lugar, fome, pobreza, favelas, palafitas, milícias, drogas, bala perdida, parece-me que não estão nos levando pra qualquer lugar. A única coisa clara que existe nessa esbórnia nauseabundante é que o pessoal de cima, como sempre aconteceu, continua levando vantagem em tudo; e o pessoal de baixo na crença de que o sol é para todos, continua acreditando que é possível conquistar algum lugar embaixo dele. Coitado do pessoal de baixo. Vai ser ingênuo assim só lá na Serra de Manitoba.

CUIDADO COM OS FOFOQUEIROS

Calma pessoal. Vamos com calma porque a história tem outra versão. Esta que está rolando por aí de boca em boca é a história dos fofoqueiros, plantada para confundir ou para envenenar as mentes e os espíritos com inverdades e calúnias. Vai com calma pessoal. A outra história que não está sendo contada é porque não interessa ao protagonista da fofoca. O problema é que o que está sendo dito esconde a verdade e, pela lógica da verdade, não interessa ao fofoqueiro. O que interessa ao fofoqueiro é tentar provar que ele é o cara que está com a verdade e sua versão dos fatos é a única e verdadeira. Mas eu sei que não é bem assim. O outro lado da história, quer dizer, a versão verdadeira é bastante diferente e apresenta outras dimensões e novos matizes. Depois que você entender tudo isso, vai chegar à conclusão que o fofoqueiro não merece o menor respeito e nem qualquer crédito. Que bom que tenhamos chances de nos explicar para colocar os pingos nos iis. E que assim desta forma se estabeleça a verdade.

CORDIALIDADES INTERESSEIRAS

Não quero qualquer relação humana baseada em sentimentalismos baratos, em gestos de caridade cristã, em bondades ambulantes, em cordialidades interesseiras. Longe de mim tudo isso. Pra mim só vale qualquer relação humana se estiver pautada em ações sinceras, lógicas, honestas e espontâneas. Será que existe isso ou estou sendo um utopista medieval em plena pós-modernidade?

ISOLANDO OS PICARETAS

A questão fundamental do relacionamento humano é que algumas pessoas possuem um caráter duvidoso. Ora se apresentam como cordeiros, ora como lobos, ora como qualquer coisa ou ainda como porra nenhuma. Aí a melhor coisa a fazer é isolar o cara e, se possível, mantê-lo à distância.

MISERICÓRDIA PARA OS PRESUNÇOSOS

Já cruzei com todos os medíocres existentes na reino da clorofila. Neguinho que aprendeu a tocar violão um dia desses, e já se acha o maior entendedor de música do planeta. Ainda tá mijando nas calças e já quer provar que é o rei da cocada preta sonora. E vem pra cima com críticas, com propostas sem sentido, com argumentos sem qualquer convencimento pela falta de lógica. E eu, sempre com a minha eterna condescendência e paciência cristã, sou obrigado a ouvi-los pacientemente. Como estratégia de convivência pacífica, prefiro agir assim. Se a estratégia não funcionar, aí então serei obrigado a mandá-los pra puta que os pariu.

OS BABA-OVOS DA ARTE

Manaus é uma terra de pouquíssimos artistas. E eu, modéstia a parte, por conta dos meus heróicos esforços e apoio de raríssimos incentivadores da minha arte, sou um deles. O que tem de sobra aqui são pequenas igrejas e alguns medíocres negócios artísticos, ou melhor, guetos, baba-ovos, subalternos e puxa-sacos que estão sempre se curvando aos “secretários de culturas de plantão”. Eu por exemplo, de novo modéstia a parte, só me curvo para receber aplausos. Isso para mim significa muito, ou seja, significa preservar em níveis toleráveis minha reputação e minha dignidade. Isso é muito mais importante do que representar o papel de canalha ou de prostituto que se vende por qualquer mixaria.

FALSAS INTERPRETAÇÕES DA REALIDADE

Amigo! Tem um fato aí. Vou tentar te explicar: a parada é que a gente serve a todos, se doa ao máximo, é sempre prestativo, solidário e fraterno. E enquanto assim a gente age, somos considerado o melhor cara do mundo, o mais “amigão”, o mais “gente boa”, o melhor caráter da cidade, enfim, é só elogios de quem recebe o bônus. Daí, um dia, até mesmo por precisão ou necessidade, você resolve se negar e não ser o cara bonzinho de sempre. Pronto. Aí a montanha vem abaixo e a casa desaba em cima de você. Aí, na visão do outro, você não presta mais. Aí passa a ser rotulado de safado, pilantra, picareta, malandro, traíra, etc. e tal. Fazer o que? Tentando encontrar uma resposta, acho que a melhor solução nessas horas é procurar ficar na sua e deixar a poeira baixar, pelo menos enquanto os equívocos e as falsas interpretações da realidade turvam as águas cristalinas. Depois tudo volta ao normal. Ou não. Na verdade, pouco me importa pra que lado as coisas voltam. Pra mim o que importa é saber que agi ética e moralmente de acordo com minha consciência e não com a consciência alheia.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

VOSSAS EXCELÊNCIAS, TOMEM VERGONHA NA CARA

Ora V.Ex.a. De que adianta vosso profundo entendimento das leis, vossa ética, código e moral de classe judiciária, vosso senso de justiça irretocável, vossa retórica idealista, enfim, de que adianta tudo isso se vossa instituição judiciária não age e não consegue punir, entre tantos e tantos outros crimes que aqui poderiam ser citados, os crimes dos corruptos de colarinho branco? O que é melhor? Não permitir a entrada de ladrões pra dentro do congresso nacional ou deixá-los presos entre as grades de uma prisão. Eu acho que a segunda opção é a mais viável, lógica e conseqüente. Pelo menos assim poderemos impedi-los de ganhar um mandato eletivo para representar, ou melhor, para roubar o dinheiro do povo. E não me venha com discursos. Enquanto os safados buscam se esconder no cipoal das brechas da lei que lhes protegem, o povo morre na porta dos hospitais, recebe a educação dos excluídos, salário de fome no final do mês. Aí você vai me jogar na cara: “mas eles foram eleitos pelo povo”. Excelência, desde quando o povo sabe votar? O que o povo sabe e gosta de fazer é ver o circo pegar fogo, excelência.

POLÍTICOS LADRÕES E TRAMBIQUEIROS

A impressão que tenho é de total perplexidade. A sensação que fica é de angústia e medo pelo destino do povo que vota e acredita que alguma coisa vai mudar. Será? Já ouvi dizer, no "after day" da vitória de DILMA, que vão retornar com a CPMF. Mas vejam só que patifes. Nunca disseram uma vírgula sobre a CPMF na época da campanha. E agora, logo na primeira hora depois da vitória, já foi explicitado que é um bom momento para voltar com a CPMF. Patifes. Ladrões. Filhos da puta. Perplexidade é a impressão que tenho. Chega a dar náuseas.

OS ENCOLEIRADOS

A relação afetiva entre homem e mulher, ou vice-versa, são muito difusas. Pra começar estão pautadas na filosofia da coleira, ou seja, amar, equivocadamente, é o controle de um sobre o caráter, a vontade e a natureza do outro. De ambos os lados a primeira coisa que surge na relação é a vigilância absoluta em cima da frágil fidelidade dos protagonistas envolvidos no caso amoroso. Coitados. Não sabem nem tomar conta de si mesmos, imagina um tomar conta do outro. A primeira brecha que se abre na relação é a perda de liberdade auto-imposta de ambos os lados. Isto para provar que se é fiel, que ama e cuida. No meu ponto de vista, acho que botar alguém na coleira é sinal de insegurança, ineficiência e fragilidade? Pra mim, o que isto prova é a existência de dois burricos em direção contrária amarrados por uma corda no pescoço. Duas almas querendo encher seus espaços vazios com o vazio do outro.

CAINDO NA MÚSICA

Eu fui pra música. Não encontrando respostas em outras áreas profissionais, mergulhei na loucura da música num vôo cego, sem me importar se aquilo me faria conquistar a dignidade, a estabilidade financeira e a integridade profissional. Ao perceber que o meu salto no escuro em direção à música não tinha mais volta, uma onda de tranqüilidade, outra de sobressaltos, se apossou do meu espírito em pleno vôo. E fui em frente. Me deixei voar rumo ao desconhecido dos picos das grandes montanhas. Na loucura de encarar os imprevistos e as incertezas da profissão de músico, acabei fazendo uma Faculdade de música e uma pós-graduação em Educação Musical. Serviu para alguma coisa? Claro que serviu. Conhecimento não ocupa espaço no cérebro. Mas, pergunto, me fez feliz? Diria que sim e não. No frigir dos ovos a coisa pesou pro lado da dignidade, da estabilidade e da integridade. Não é exatamente como eu gostaria que fosse, porém, considerando que cada um tem a sorte que o latifúndio capitalista permite, acho que está de bom tamanho. Se melhorar, piora.

A COTA DO SAPO

Tem que haver uma cota por dia pra gente se permitir engolir sapos. Mas esta cota tem que ser limitada. Se a gente passa a maior parte do dia ou o dia todo engolindo sapos, isso significa que não estamos sabendo jogar com a malandragem. E qual seria a cota por dia pra gente se permitir engolir os sapos? Eu acho que tá de bom tamanho se, numa escala de 0 a 10, a gente deixar 3 graus para engolir os sapos de cada dia. Mais do que isso já estamos correndo o risco de perder a soberania. E, como se sabe, soberania não se negocia. Soberania se exerce.

MORENO CLARO, QUASE BRANCO

Nasci mestiço, quase branco. Pra ser mais objetivo, moreno bem claro. Pra mim que vivo num contexto de falsa “democracia racial” e numa sociedade de classes clivada hierárquicamente, acho que é uma grande vantagem ser um mestiço quase branco. É que o preconceito racial e as ideologias da classe hegemônica continuam ditando e estabelecendo as regras do jogo entre brancos, negros e índios. E nesse jogo, negros e índios estão sempre na rabeira dos fatos. Vantagem mesmo só sobra pros brancos, ou melhor, pros brancos que estão por cima da cocada preta.

POR AMOR A ARTE

Seja cego, surdo, mudo, puxa-saco, baba-ovo, prostituto ou prostituta, traíra, canalha, mercenário, tudo pelo seu “amor a arte”.

DO FILHO

Você foi saindo, como convém, devagar, bem lentamente em ritmo de adágio. Cada dia, passo a passo, foste um pouco mais longe e te afastastes um pouco mais de mim. A primeira vez que sumiste no horizonte eu me preocupei, e me perguntei: será que ele vai acertar o caminho de volta? Depois fui me acostumando com tua ausência que a princípio era de apenas algumas horas, depois passou pra dias, depois semanas. Quando dei por mim notei que tinhas aprendido a voar e estavas batendo asas por lugares longínquos e, certamente, descobrindo coisas, novos espaços, novas gentes. Foi nessa hora que percebi que estava te “perdendo”. Eu sabia que estavas vivo em algum lugar porque de vez em quando mandavas notícias. Mas a tua ausência, vou te falar. Como dói hoje saber que te perdi pro mundo. Quando me lembro que te peguei no colo, te ensinei os primeiros passos, contei histórias pra tu dormir, te ensinei a ler, te mostrei caminhos desde a tenra idade, ufa, que saudade. Quando tinhas 2 anos de idade te punha na palma da mão e te levantava bem no alto acima da minha cabeça. Todos se preocupavam achando que poderias cair. Que nada. Nunca caístes. Sempre te apóie e te segurei firme na palma da mão. Assim é a vida filho. Hoje és um homem de 25 anos de idade. Um jovem príncipe na flor da idade, bonito, elegante, equilibrado, sensato, inteligente. Às vezes pisas na bola e dás algumas mancadas. Mas, dá de compreender. Afinal de contas ninguém consegue ser absolutamente perfeito. Por sinal esse negócio de ser politicamente correto em tudo, acho que pode se tornar um grande equívoco, ou melhor, uma grande ilusão. Nada contra pessoas que querem e conseguem fazer pose de heróis ou super atletas. Ícones e mitos urbanos fazem parte da cultura da super modernidade. Mas, no fundo, eu acho que essas pessoas que vivem querendo mostrar que são felizes, perfeitos e superiores aos outros em tudo, no fundo estão tão somente querendo preencher os espaços vazios de sua existência para provar o improvável. Ainda bem que não cambastes para este lado. Ainda bem que compreendestes cedo que a vida é um jogo onde se perde ou se ganha e que, às vezes, perder ou ganhar pode ser os dois lados de uma mesma moeda. Afinal de contas não é preciso e nem necessário a gente ser um campeão ou um vencedor em qualquer aventura humana. A derrota muitas vezes é mais pedagógica do que a vitória.

DO AMOR

Eu sei que o amor é tão imenso, tão grandioso, tão envolvente, que nele cabe tudo: perdão e vingança, fidelidade e traição, medo e coragem, paciência e aflição, esperança e angústia diante do oco da vida.

METÁFORA DA CEBOLA

A toda hora desconstruo-me na esperança de encontrar a mim mesmo além das aparências. É como se, lenta e gradativamente, retirasse as camadas de uma cebola, uma por vez, para tentar chegar ao âmago de mim mesmo, lá onde os elementos atômicos se organizam e de onde tudo se origina. Sem isto, sem esta procura paciente e perseverante, tenho certeza que ficaria no meio do caminho e acabaria por não quitar minhas dívidas com o significado da vida.

ORAÇÃO DA COMILANÇA

Um pastor rezando diante de uma provável ceia natalina.
Em nome dos evangélicos: obrigado pai. Obrigado por tudo o que nos tem proporcionado no dia-a-dia e pela vida afora. Pai. Agora queremos agradecer por esta ceia maravilhosa que está posta à mesa.
Em nome dos judeus: senhor, antes de deliciar-me com esta ceia, fazei com que este ano junte mais dinheiro para dividir com minha esposa, educar bem os meus filhos, e comprar o meu whisky.
Em nome de Alá: senhor, diante do pão que está na mesa, nos te agradecemos por tudo e esperamos derrubar uma nova torre no ano de 2011.
Em nome dos cristãos: senhor vamos servir logo a porra dessa ceia porque já está ficando azeda de tantas horas que está posta na mesa.

ATENÇÃO PARA OS AVISOS

Não se aproxime demais de mim porque sou muito arisco. Não encoste em meu corpo porque dou choque. Não me pergunte sobre qualquer coisa porque ainda não encontrei a resposta certa pra nada diante dos fatos e das coisas. Não inventes mitos a meu respeito pra tentar compreender e explicar minhas ações, gestos e pensamentos. Não perca tempo fazendo fuxicos e fofocas com o meu nome na intenção de manchar minha reputação porque minha reputação é ilibada e foi conquistada com muita malandragem, inteligência, emoção, coragem, perseverança e fé. Não me procure para encher os teus vazios existenciais porque de vazio, desconfio seriamente que eu sou um prato cheio. Eu sei que, no fundo, queres apenas mostrar que estás vivo e que precisas afirmar o teu ente e a tua história em alguma conexão com a vida. Se puder, na medida do possível e das minhas forças, te ajudarei nessa jornada. Mas, por favor, não me superestime e nem crie falsas expectativas a meu respeito porque sou muito limitado e não uso placebos para suscitar milagres.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

AS CONTRADIÇÕES CULTURAIS CLOROFÍLICAS

AS CONTRADIÇÕES CULTURAIS CLOROFÍLICAS

De - Adelson Santos
07/2006


Embora ainda não tenha dados científicos para provar minha tese, porém, cada vez mais me convenço de que existe na selva um elemento químico dotado de força eletromagnética que interfere no cérebro, na atitude e na ética do cidadão amazonense. É um pigmento que dá cor verde as plantas e que tem em abundância na selva: a clorofila que, por sua vez, pode ser uma clorofila do bem ou do mal.
Quanto à clorofila do bem, sua principal função é fazer a fotossíntese em presença da radiação solar, ou seja, transforma o dióxido de carbono em oxigênio. Alguns estudos científicos apontam a clorofila do bem como purificador do sangue, detergente do corpo, digestivo, revitalizador da pele e neutralizador de toxinas no organismo. É ainda eficiente no combate a caspas e evita o embranquecimento dos cabelos, previne cáries dentárias, cura problemas de garganta e infecções vaginais, e normaliza a fluidez do intestino.
Quanto à clorofila do mal, devido às conexões químicas com as regiões azuis e vermelhas do espectro eletromagnético (nada a ver com Garantido e Caprichoso), acho que, de um lado, acaba afetando o lado direito e o lado esquerdo do cérebro, ou seja, as funções lógicas e artísticas; e de outro, acaba gerando a anti-civilização selvagem que se estrutura num corpo social, político, econômico e cultural com uma originalidade primitiva radical. Anticivilização que nega os princípios do racionalismo cartesiano, as certezas da lógica positivista, e resgata o idealismo socrático e sua principal variante: o transcendentalismo cristão e suas bias ideológicas.
Por conta disso, o que se vê por aí em todas as esquinas da cidade são os sintomas da psicopatologia onde se troca o verdadeiro pelo verossímil, se prefere o simulacro ao invés do autêntico, e devido aos excessos da clorofila interferindo no cérebro, se tenta fazer da simulação e da pantomima o princípio da História e do mundo. E sendo assim, surge o batalhão dos mágicos querendo provar que podem transformar o mundo dispensando o conhecimento racional e científico; o batalhão dos místicos com seus discursos teias ludibriando a manada e os pobres de espírito que dela fazem parte, com a promessa de felicidade absoluta no futuro e, geralmente, depois da morte.
Na anticivilização selvagem movida à clorofila, em cada esquina da cidade existe um malandro à espreita de um otário. É onde proliferam, feito ervas daninhas, os gênios da “intelectualidade cascateira”, especialistas em “discursos blablablá”, contadores de histórias travestidos de cacarejadores midiáticos que vivem engrolando a multidão solitária, analfabeta e alienada; multidão feita de invisíveis caminhantes na procura do Ser ou do Nada, sempre circulando na periferia e sonhando com os lazeres do capitalismo.
E pra engrossar o caldo da anticivilização selvagem, aparecem os políticos profissionais, todos farinha do mesmo saco e vinhos da mesma pipa - com exceção dos éticos redundantes que não resolvem absolutamente nada no contexto histórico - sempre com suas retóricas cínicas e falaciosos, prometendo um futuro bem-estar material que nunca chega, enquanto fazem do presente um tempo de tramóias e sujas negociatas nos bastidores do poder para atender as suas bases, na desgastada política do “é dando que se recebe”. Enquanto isso o povão mesmo, aquele da periferia em qualquer sentido, só fica mesmo com as esmolas e migalhas do poder da hora. Em troca recebe educação de quarto mundo, tratamento de saúde pelo chão dos hospitais públicos, balde de violência jogada na cara a todo instante em qualquer esquina da cidade.
Pensando bem e falando sério, o povo só serve mesmo pra eleger político oportunista e bandido. Depois que os canalhas corruptos chegam ao poder, tenho a impressão que eles ficam falando assim pro povo: “adeus povo, até a próxima eleição bando de idiotas”.
E no meio dessa esbórnia generalizada entram alguns Juizes e Desembargadores com as suas anacrônicas poses de vestal, de homens da lei, de homens justos, conspurcando a sagrada instituição do direito e da justiça com a venda de liminares para quadrilhas de políticos, ladrões, bandidos, e traficantes de todos os matizes.
E para fechar o círculo da anticivilização movida à clorofila temos o Executivo transformando o Estado Republicano em propriedade privada para loteá-lo entre parentes e apaniguados, antigos hábitos herdados dos patriarcas de Casa Grande e Senzala e dos filhos, netos e bisnetos de D.João VI.
Com doses excessivas de clorofila do mal no cérebro, o individuo pode atingir estágios irreversíveis de falsas interpretações da realidade, ou seja, de delírios clorofílicos. Desta fase em diante, o cérebro do sujeito clorofilado pode ter alucinações psicóticas e começa a enxergar macacos zebrados, índios subindo o Rio Negro montados em jacarés, curupiras subindo em Castanheiras, mula com duas cabeças, Saci-Pererê de cor verde, botos vestidos de paletó e gravata dirigindo barcos a jato pelos rios da Amazônia. Em razão das tais alucinações psicóticas começa a sentir, de um lado, os sintomas da anorexia, da bulimia, e de outro, é atacado pela síndrome do comedor seletivo, do comedor compulsivo e do comedor noturno de farinha, feijão, carne seca e sanduíche de tucumã regado a catchup, sem esquecer da necessidade de mastigar mais de cem vezes antes de engolir qualquer alimento que põe na boca. Em surtos mais profundos começa a ver fantasmas de Wagner, Mozart, Beethoven no Teatro Amazonas em época de Festival de Ópera, ouvir Matintaperera cantar uníssono em noite de lua cheia e Orquestra Filarmônica tocar música erudita no meio da mata. Num viés histórico começa a psicografar textos enviados pelo tuxaua Ajuricaba, agora transfigurado no mestiço da vila, convocando o povo para a Jihad Clorofílica que consiste, fundamentalmente, em vender produtos para emagrecimento da Herbalife.

Atenção gente. Temos que vigiar a clorofila de perto. Eis a seguir algumas provas concretas para desconfiar da clorofila do mal:

1) Nos centros mais “civilizados” do Planeta como, Nova York, Londres, Tóquio, São Paulo, Rio de Janeiro, etc. a gente pode observar que não tem matagal nenhum para produzir clorofila.
2) Nossos índios foram todos dizimados pelos colonizadores quando aqui chegaram. Desconfio que é por que eles estavam todos envolvidos pela química e pelo eletromagnetismo da clorofila.
3) Em Hiroxima e Nagasaki, onde foram jogadas as bombas atômicas na segunda guerra mundial todas as árvores foram dizimadas. Foi a partir da segunda guerra que o Japão alcançou o status de potência econômica mundial. Será que é por falta da clorofila na área que os japoneses ficaram mais inteligentes do que sempre foram? Na verdade, em Tóquio, a capital do Japão, também não tem nenhum matagal pra gerar clorofila.
4) Acabo de descobrir um grande perigo espalhados pelos bosques da UFAM (Universidade Federal do Amazonas): é que todas as colunas de sustentação dos blocos de sala de aula são pintadas de verde. O excesso de tinta verde artificial misturada com o verde da clorofila do meio ambiente, provavelmente está interferindo na intelectualidade e criatividade dos nossos artistas. Temos que mandar pintar urgentemente tudo com a cor amarela, que é a cor que ajuda a reter conhecimentos, desenvolve a sabedoria, traz alegria, e ajuda na cura da artrite. Para músico então é ótimo porque musico vive sempre com artrite na coluna e na ponta dos dedos.
5) Um amigo meu resolveu fazer uma tese de mestrado sobre a Pedagogia de Piaget nas escolas de Manaus. Pra sua surpresa, logo nos primeiros passos da sua pesquisa de campo, ele já descobriu que em Manaus, foi o único lugar do Brasil que a metodologia piagetiana não funcionou. Segundo suas pesquisas ele está chegando à conclusão que o fracasso do método foi porque as escolas estavam cobrando muito caro pela mensalidade. É possível que isto faça sentido. Mas, por via das dúvidas, eu sugeri pra ele renovar suas pesquisas pra ver se não havia nenhuma porção da clorofila do mal interferindo na decadência piagetiana nas escolas de Manaus.
6) Manaus é uma cidade que fica localizada na frente de um dos maiores rios do mundo e até hoje, em pleno terceiro milênio, o problema da água encanada não foi resolvido. Isto é mais um grave sintoma de que a clorofila do mal está interferindo na cabeça dos gênios da nossa engenharia hidráulica.
7) O Brasil é o rei do futebol. Acho que tem mais campo de futebol nesse país do que escolas. Daí vem toda essa filosofia das chuteiras que bombardeia a cabeça do brasileiro de dia e de noite nas Rádios e TVs de todo o País. Por isso que em vez de se discutir cidadania, saúde, educação, segurança, violência, a gente fica ouvindo baboseiras sobre o gol do Ronaldo, o milésimo do Romário ou do Pelé. Entretanto, mesmo com toda essa paixão pelo futebol, em Manaus é o único estado da federação que não tem futebol profissional. Quer dizer, o futebol profissional que tem por aqui, não vale nada, não consegue se projetar no cenário nacional e não atrai público ao estádio. É só observar quando tem jogo no Vivaldão. Não aparece uma viva alma na arquibancada para torcer pelo seu time. O que será que acontece hein? Desconfio que é a grama do estádio que está exalando excessos de clorofila do mal e com isso acaba espantando os amantes do futebol amazonense dos estádios. Estranho, demasiado estranho tudo isso.


A dúvida está no ar. É bom se ligar na parada da clorofila porque todo esse pessoal que está por aí metendo a cara em programa de televisão com cacarejadas dogmáticas e pragmáticas para salvar a Amazônia, no fundo no fundo, só estão mesmo é fazendo pose de “defensores” do clima e da natureza. Não obstante, eles até podem estar mesmo querendo a mata viva, porém, desde que vivam bem longe dela. Com certeza sabem dos poderes da clorofila, principalmente da clorofila do mal.
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Adelson Santos – é Compositor, Professor de Música da UFAM, da UEA, Ex - Regente Titular da Orquestra de Violões do Amazonas, e atualmente é Regente Titular da Orquestra de Vozes da UFAM.

sábado, 18 de setembro de 2010

SOMOS TODOS CÚMPLICES


de Adelson Santos *
16/09/2010

Ser cúmplice, no pior sentido, é participar como co-autor de um delito ou de um crime. Tal conceito me leva a pensar que somos cúmplices na degeneração ética e moral que se espraia como Erva Daninha em nossa sociedade. E não adianta dá uma de bom moço, ou de bom menino filhinho da mamãe e do papai, ou de cidadão com pose de reputação ilibada e cumpridor dos seus deveres para com Deus, com a família e com a pátria. A questão é que a força centrípeta desse buraco negro atrai todos para o seu centro. E sendo assim, dá de perceber que ninguém escapa de sua atração fatal e do seu horizonte de eventos. Senão vejamos, por exemplo:
Somos cúmplices quando, pela manhã, pela tarde ou a qualquer outra hora do dia, puxamos a descarga do vaso sanitário de nossas casas. Fatalmente, pela inércia de movimento e força da gravidade, todos os cocôs seguem rumo aos esgotos ou igarapés poluídos que vão desembocar nas margens do Rio Negro em frente à cidade. Pelas estatísticas dos fofoqueiros militantes, sabe-se que pelo menos dois milhões de toneladas de cocô por hora são despejados nas águas. Eu acho que é cocô demais para um rio já tão saturado de receber merda em suas margens todos os dias.
Somos cúmplices quando fechamos os olhos para os camelôs que invadiram o centro da cidade com bancas de tudo quanto é bugigangas em detrimento do espaço do pedestre, da negação da beleza da cidade e do conforto do cidadão.
Somos cúmplices quando vivemos na base do “farinha pouca meu pirão primeiro”, ou seja, se eu estou bem com o meu umbigo, com os vizinhos, com a família, com Deus, o resto que se lixe, ou seja, dane-se o mundo que meu nome não é Raimundo.
Somos cúmplices quando nada fazemos para acabar com os desmatamentos da floresta amazônica que só serve aos interesses do capitalismo selvagem e dos capitalistas insanos.
Somos cúmplices quando fingimos não ver nossas crianças e jovens fumando crack e cheirando cola pelas ruas e praças da cidade.
Somos cúmplices quando silenciamos diante dos flanelinhas que nos extorquem com seus redundantes pregões: “pode deixar que eu tomo de conta patrão”.
Somos cúmplices quando abarrotamos as ruas da cidade com nossos carros que engarrafam no trânsito e consomem gasolina inutilmente além de contribuir para poluir a cidade e o meio ambiente. Não seria mais lógico se deixássemos nossos carros na garagem e fôssemos trabalhar usando o transporte de massa? Mas cadê o transporte de massa? Ouvi dizer que governo e indústria não se interessam por isso. Dá mais lucro vender carro do que construir transporte de massa. Interessante! É isso aí.
Somos cúmplices por tudo o que até aqui foi dito. E tem mais a ser dito. Vejamos:
Somos todos cúmplices quando ficamos calados diante de uma educação pública de terceiro mundo, irresponsável e inconseqüente, feita para os alienados do presente e futuros excluídos de nossa pátria mãe senil. Depois não venham chorar nos meus ombros por causa de bala perdida, assaltos a mão armada, roubo seguido de morte.
Somos cúmplices quando silenciamos diante das pessoas que morrem na porta dos hospitais por falta de leito, de médicos, enfim, de tudo.
Somos cúmplices quando nada fazemos diante de uma justiça inoperante feita para ricos, de um congresso corrupto que só legisla em causa própria, de um executivo que se encantou com o poder e, se vacilar, vai acabar virando santo com direito a uma estátua lá em Juazeiro do Norte bem ao lado do Padim Ciço, erigida pela confraria dos apaniguados, corruptos militantes, companheiros sindicalistas, e pobres de todo o Brasil. Sim meus caros companheiros de cumplicidade.
Somos todos cúmplices quando silenciamos diante da instalação de corujinhas pela cidade em nome da “defesa da vida”, entretanto, sabemos que o grande intuito por trás disso é, mais uma vez, roubar dinheiro do povo. Ao invés de corujinhas, por que não passarelas desmontáveis?
Somos todos cúmplices quando permitimos que os políticos corruptos ajam impunemente roubando o dinheiro do povo para aliciar mensaleiros, construir castelos, comprar mansões em beira de praia e carrões milionários.
Somos cúmplices quando incentivamos a cultura dos heróis de chuteiras, todos bilionários, enquanto o pessoal de baixo cada vez mais pobre sem um mínimo de dignidade humana só esperando a morte chegar para ser feliz na outra vida ao lado de Jesus no reino dos céus. Nessa eu não entro. Nessa eu não embarco. Vida como essa que tenho só existe aqui e agora. O que sei do futuro é que “és pó e ao pó voltarás”. Pelo menos é o que está escrito nas páginas de um antigo livro rotulado de “sagrado”.



* Adelson Santos é formado em Letras, Maestro, Compositor e Professor de música da UFAM.


Outras leituras no blog: www.adelsonsantos.blogspot.com

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

ALIENADOS PELA RELIGIÃO

O cristianismo, por um processo de lavagem cerebral, introjetou de tal forma o conceito de pecado no inconsciente das pessoas que acabou alienando-as dos seus direitos, desejos e esperanças mais fundamentais como a posse da dignidade moral, material e existencial. O resultado disso é que a montanha de coisas erradas que estão escancaradas nas esferas sociais, políticas e econômicas de nossa sociedade são vistas como coisas normais, como se a vida tivesse que ser assim mesmo. No frigir dos ovos, como se todos estivessem induzidos por uma cegueira geral, acabamos achando que tudo está como Deus quer. E assim a padrecada formulou nas origens do cristianismo a teoria do pecado para que tudo permaneça como está e todos se mantenham alienados e conformados com o mito de que na “outra vida” tudo vai mudar e todos serão felizes para sempre, se possível, sentados à direita do Deus Pai. E quem tentar se arvorar a ser diferente e querer mudar alguma coisa do que está feito, estará cometendo um sacrilégio, de acordo com a ideologia do pecado. E por conta disso ficará sujeito a sofrer as penas impostas no fogo do inferno por toda a eternidade. Tudo lambança. Tudo conversa fiada pra enganar otário. Vade retrum, satanás!

domingo, 15 de agosto de 2010

TO DE OLHO EM TU COLARINHO BRANCO

Político ladrão, Estado ladrão. Estado ladrão, povo explorado. Povo explorado, povo roubado. Povo roubado, povo infeliz. Povo infeliz, povo sem auto-estima. Povo sem auto-estima, povo sem amor próprio. Povo sem amor próprio, povo que degrada o meio ambiente, destrói o patrimônio público e suja a cidade. Povo que suja a cidade, povo mal educado. Povo mal educado, povo sem ética. Povo sem ética, povo desmoralizado. Povo desmoralizado, povo que vende voto pra político corrupto. Político corrupto, político ladrão. Político ladrão, Estado ladrão. Eis a dialética torta promovida pelos interesses do capitalismo selvagem, pelo Estado patrimonialista e políticos clientelistas, pelo consumismo insaciável da burguesia insatisfeita, pela ganância dos latifundiários que destroem a floresta amazônica para plantar soja e alimentar porcos em algum lugar do planeta. É deprimente. Chega a dar náuseas.

CALMA AÍ DONA. VÊM DEVAGAR PORQUE ESTOU FERVENDO

Escuta Dona! Não me venha com ambigüidades ambulantes e articulações maquiavélicas. Trata de ser mais clara e objetiva comigo. Tenha coragem e exponha seus pensamentos através do dito e não pelo não dito. Controla teus disfarces de mulher cordial e argumentos relativistas. Se tens várias opções para chegar em alguma parada, escolha uma delas, bata o martelo e vai à luta senão vais ficar parecendo bosta n`água descendo a correnteza do rio esperando chegar a hora para se perder no mar. Só mais um coisa: nada de rasteiras hein! Já te conheço de antigos carnavais; tu e tuas eternas trairagens de malandra ingênua.

DELIRA POVO, DELIRA

É tempo de Copa do Mundo. A filosofia das chuteiras comanda as emoções no País. Gol! Gol! Gol! Milhões de gritos no ar ecoando por toda a nação. É euforia total. Deixa torcer. Deixa vibrar. Deixa bater o bumbo até meia-noite para celebrar a vitória. Deixa a embriaguez tomar conta do corpo para que a vida possa encontrar algum sentido. Não adianta argumentar que a filosofia das chuteiras promove a falsa alegria alienante enquanto a miséria, a pobreza e a fome campeiam pelas esquinas das capitais. Também não adianta querer misturar essas coisas porque ambas são variantes culturais simbólicas, divergentes e opostas. Miséria? Ora meu amigo! Esse papo de miséria é tão antigo quanto as histórias bíblicas que nos alienam desde criancinhas. Miséria, pobreza e fome, sempre houve por aí. É algo que acontece por aqui desde o Brasil Colônia. Ao contrário, Copa do Mundo, é coisa da pós-modernidade e só acontece de 4 em 4 anos. Então deixa o povo endeusar seus heróis de barro que brincam de patriotadas agradecendo a Deus depois do gol. E tem gente que acredita que ele reza por fé e devoção. Que nada. Naquela hora que ele olha pro céu só está pensando é na sua conta bancária que ficou um pouco mais polpuda. Então meu amigo. Deixa desabrochar a fugaz auto-estima que, de 4 em 4 anos, serve para afagar o ego dos pobres amantes de nossa pátria mãe senil. Pelo menos que assim aconteça para que o povo possa esquecer por um momento suas seculares agonias de cada dia e de todos os dias.

A MULHER TRAÍRA

Você não enxergou e nem entendeu o significado da mensagem. Eu disse uma coisa e, pelo visto, certamente você entendeu outra. Pensando bem, acho até que nada entendeu do que falei. Dá de inferir isso porque depois você me veio com aquela proposta absolutamente esdrúxula, sem lógica e sem sentido. Não haveria a menor chance de concordar com aquilo porque sua proposta era péssima e os argumentos que calçaram a mesma, piores ainda. Pois é. A vida é assim mesmo. Feita de encontros, desencontros e reencontros. Ainda bem que descobri o teu caráter de traíra e trairagens ambulantes. E agora? Fazer o quê? Já sei. Botar a vida pra frente e ficar de olho no próximo malandro que vai chegar. Pode ser um malandro idiota ou um malandro tolo, um malandro esperto, ou qualquer outro tipo que faça parte da confraria da malandragem. Mas é preciso tomar muito cuidado! Pra malandro tem que estar sempre em guarda. Essa corja não dorme e vive só pensando em como passar rasteira nos otários.

VEM AMORZINHO VEM PRA MIM DEPRESSA VEM

Mulher só de longe. De longe pra ser olhada, admirada, endeusada e mitificada. Ou de perto, desde que esteja bem deitadinha numa cama, totalmente relaxada, pronta pra me comer e ser comida com muito amor, carinho e total doçura.

E QUEM FAZ A HISTÓRIA: É O DESTINO OU O ACASO

Quem vai dizer pra onde a história vai caminhar não sou eu, nem você e nem ninguém; é a natureza, o ritmo e a dinâmica da própria história.

OTÁRIOS DE TODA A FLORESTA, UNI-VOS

Pelo visto, pelo ouvido e pelo experimentado, com algumas raras exceções, não dá pra confiar no homem pós-moderno que circula nas várias esferas sociais desde as mais nobres até as mais abjetas. Vivemos todos num sistema de competição muito acirrada promovida pelos interesses e determinações do capitalismo selvagem. Todos querem ocupar o seu lugar ao sol, mas o problema é que não tem lugar pra todos. Quem ganha ou quem perde nesse jogo de se ficar o bicho pega, se correr o bicho esmaga? Quem fica ou quem vai embora? Não sei. Esse é um jogo de probabilidades quânticas. Do ponto de vista do darwinismo social, quem fica na parada são os mais aptos e os mais fortes. É uma boa teoria que explica determinados padrões genéticos e sociais. Mas não dá de considerar isto como uma verdade absoluta. Muitas vezes são os menos aptos e os mais fracos que levam vantagem e ocupam a vaga. E daí? E daí que enquanto nenhuma teoria explica qualquer coisa, o melhor mesmo é ficar de olho seja no mais forte ou no mais fraco porque o homem pós-moderno se especializa cada vez na malandragem, na insensibilidade, na ganância, no consumo deletério, e muitas outras presepadas mais abrangentes.

EGOS CEGOS

O seu problema é que você quer ser mais esperto que a própria esperteza. Tudo você acha que pode mais e melhor. Tudo você pensa que é o mais inteligente. Mas, na prática, não vejo você sair da merda. Está sempre envolvido na teia de suas contradições existenciais ambulantes. É uma pena que só você que não consegue enxergar isso. É uma pena mesmo.

CADÊ TU KARL MARX

O comunismo puro, aquele que Karl Marx pensou, que se conquista pela luta de classes e se mantém pela ditadura do proletariado, sumiu na poeira do tempo pelos desmandos das elites políticas. Só quem continua acreditando nele é o Laurindo, alguns utopistas e ditadores anacrônicos tipo Chaves, Fidel e Evo Morales. Morreu por excesso de corrupção, desmandos, autoritarismo de todos os matizes, repressão, censuras e barbáries. Falta agora acabar com o outro do comunismo que é o capitalismo. Esse, que já tem mais ou menos uns 700 anos de história, continua resistindo e ditando as regras do comportamento social e econômico. Mas desconfio que, mais cedo ou mais tarde, também morrerá por excesso de ganância, desequilíbrio econômico entre pobres e ricos, consumismo burguês, degradação moral, corrupção e destruição do meio ambiente.

OLHE ALÉM DO SEU UMBIGO

Tenho muita pena de você. Seu viver não consegue ultrapassar o medo de cair no buraco negro da existência. Vive, de um lado, sempre num esforço supremo para não ser sugado pela força da gravidade do anonimato e do desconhecido. De outro, cada vez mais distante dos desejos, das utopias e dos sonhos que estão alem do horizonte das tuas expectativas existenciais. Tudo porque a única força que te impele pra frente e te mantém vivo é o medo de sumir no redemoinho do não lugar e no ralo do nada. Acho pouco. É preciso sonhar com as montanhas e tentar chegar nas estrelas.

PRA VOCE PRINCESA LINDA

Chega de mulheres indecisas em minha vida. Chega de mulheres preconceituosas, medrosas, mentirosas e choronas. Chega de mulheres burras, malandras e ratazanas. Cansei de todas elas. Mulheres reprimidas que querem amar, mas são dominadas pelo medo e pela moral burguesa. Mulheres que fingem sentimentos para lucrar um pé de meia. Mulheres que reprimem a sexualidade e o desejo de dar uma boa gozada. Chega disso tudo. Chega de putas fazendo pose de donzelas e donzelas de puta.

SAI FORA ENCOSTO

Cara, vê se presta atenção! Não estou querendo saber das suas idéias. Não estou lhe pedindo opiniões sobre qualquer coisa. Não estou lhe pedindo nada, absolutamente nada. E tem mais: pouco me importa se você quer ou não prestar atenção ao que estou lhe falando. Mas, aproveitando o ensejo, quero sim lhe dizer umas coisas. Não me venha com idéias preestabelecidas, com dogmas, com ideologias muito antigas ou doutrinas utópicas. Não estou nem um pouco interessado nisso. É que cansei de falsos mestres orientando meu destino, minhas esperanças e meus acasos. Chega. Basta de tudo. Deixe-me seguir meus passos pra ver se encontro minhas trilhas e meus becos com saídas. A vida é muito curta e acho que já desperdicei mais da metade dela ouvindo tuas baboseiras e teus conselhos inúteis. Eu sei que você me olha e pensa que eu sou um nada, um cocô à deriva descendo o Rio Amazonas rumo ao mar. Infelizmente é o que você acha, eu sei disso. Mas, de novo, quero lhe pedir: respeite minha pose, minhas bravatas, minhas lambanças, meus lero-leros, enfim, respeite tudo de mim, minha vida, minha história. E pra terminar esse papo teia, quero te lembrar que minha vida é propriedade privada. Não está aberta para balanços ou considerações finais sobre qualquer grau da minha escala existencial.

A LINDINHA DA FLORESTA

Hum! Que lindinha. Quanta sensualidade à flor da pele. Quanta aura de sexualidade por todo o corpo. Tá se vendo que ela faz pose de burguesinha bem tratada. Cabelos preparados em salão de beleza. Blusinha colada no dorso acima da cintura aparecendo a barriguinha. Calça azul escura de moleton super colada nas coxas. De tão colada que a periquita ta quase pulando pra fora e a marca da calcinha aparece fazendo um vinco na bunda. Que coisa. Quanta saúde. Dá de notar que ela é gente fina e muito bem cuidada. Dá de notar que ela não tem nada a ver com aquelas meninas ali de Santa Etelvina que com 15 anos já estão todas de peitos caídos quase batendo no umbigo, com caras, bocas e olhares de gente de periferia sempre desassistida.

sábado, 14 de agosto de 2010

O VIRA-LATAS DA ALDEIA

1) Essa mistura de raças, culturas e morais que moldaram o povo brasileiro, acabou originando o vira-latas que somos, ou seja, um povo que tem mania de balançar o rabo à qualquer aceno estrangeiro, cordial pelo desejo de navegar e subir na pirâmide social, malandro e oportunista por necessidade e pela crença de que é possível conquistar um lugar ao sol mesmo que seja passando por cima da própria mãe, ressentido pelo seqüestro de suas origens sócio-culturais, carente de auto-estima, enfim, um campo fértil para aventureiros e arrivistas montar suas tramóias com discursos teias, aparentemente “inteligentes” e “abrangentes” feitos para enrolar os mestiços da aldeia.

VOLTA PRA CASA BRASIL. SE POSSIVEL COM TUAS CHUTEIRAS

1) Volta pra casa Brasil. Acabou o delírio. Chega de demonstrações gratuitas de fé depois de um gol feito. Tenho impressão que quando vocês rezam parece-me que estão agradecendo a Deus pelo aumento dos lucros em suas contas bancárias. O problema é que quando acontece o gol vocês acreditam que Deus está do lado de vocês. Mas quando o gol não acontece, logo percebem que Deus sumiu. Acho que jogador não precisa exibir demonstrações de fé para a torcida ver. Jogador tem que jogar futebol. E jogar futebol, pelo que se viu, é o que vocês não souberam a fazer. Se soubessem, pelo menos, teríamos alcançado as semifinais da Copa. Volta pra casa Brasil. Acabou o sonho. Está na hora de tirar do rosto a máscara de gênio do futebol, de salvador da pátria de chuteiras, de bom menino com cara de anjo talhado para fazer pose de herói e propagando nas TVs de plasma, bebidas alcoólicas, carrões do ano, etc., produtos direcionados não para a classe social de onde vocês vieram e sim para a burguesia consumista. Desperta Brasil. Lembra que de menino ingênuo tu não tens nada. Só pose. Pelo menos é o que se viu no jogo com a Holanda: um gritando, outro berrando, outro pisoteando a coxa do adversário, “cavando” faltas inexistentes, xingando os juízes, irados, enfurecidos, raivosos, encolerizados, magoados, ressentidos, incompetentes, destemperados, enfim, pessoas que foram perdendo a pose de Penta sem qualquer condição de subir ao pódio do Hexa. Deixa de lero-lero Brasil. O pódio foi feito para heróis e super atletas, ou seja, pra gente que sabe e demonstra que sabe. Volta pra casa Brasil. Acabou a esperança do Hexa. Agora quero ver bandeiras e bandeirolas em cada carro, nas ruas, em todos os cantos desse país não em função desse patriotismo de chuteiras, barato e inconseqüente, e sim para consertar nossa pátria mãe senil que está sofrendo e morrendo por falta de hospitais, por educação de mentira, pela violências dentro de casa e nas ruas, pelas falcatruas ominosas de nossos políticos mensaleiros, pelos desmandos do Judiciário e Executivo clientelista. Acabou a utopia das chuteiras Brasil. Recolhe os tambores e chega de cantar melodias alienantes tipo: “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”; ou “voa canarinho voa, voa neste céu azul, traz pra nós mais uma estrela, lá da África do Sul”. Acabou Brasil. Volta pra casa. Vê se aprende a lição com nossos hermanos espanhóis. Chegou na final e se sagrou campeão sem catimbas ambulantes, sem o salto alto dos delírios de se achar o melhor do mundo, enfim, chegou lá porque a competência se estabeleceu, os gols saíram na hora certa, e sendo assim, conquistaram a taça e encheram a Espanha de alegrias por serem os melhores do mundo. E tu Brasil. Tu que achavas que eras o tal. Onde estás que não te vejo. Ah! Já sei! Aguardarás pacientemente 2014. Até lá mais 4 anos de alienação, de retóricas vazias sobre os candidatos ao título. Que horror. É deprimente.